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Foto do escritorJoao Candeias

Vestuário, movimento e dor

Vestir para impressionar? Vestir para expressar? Vestir para reprimir?



A roupa e os acessórios também são uma forma de expressão individual.

As escolhas são feitas pela cor, feitio, suavidade, função, tendência...


E por vezes o que se veste pode passar de uma benção a uma maldição: uns lindos sapatos que acabam por apertar e provocar dor; umas calças ou saia justas que limitam os movimentos e acabam por rasgar; um armário que não estica com o passar dos anos; óculos com graduação errada, ...


O que vestimos também tem efeitos no corpo, na medida em que é uma segunda pele, que nos protege mas também nos limita.

Falo sobre este último ponto em específico, por causa dos efeitos nas restrições de movimentos do corpo, que também é importante no bem-estar físico e emocional das pessoas.

Seja por roupas apertadas que comprimem o corpo, bloqueiam a circulação e limitam a amplitude (lembremo-nos dos espartilhos, saias travadas ou de certo tipo de sapatos), estas podem provocar ou agravar certo tipo de lesões. Não é à toa que quando dormimos ou fazemos desporto, tentamos usar roupas confortáveis que nos permitam relaxar ou movimentar sem restrições.


No caso específico dos sapatos, a questão é mais complexa.

Os nossos pés sustentam o nosso corpo, e por essa razão, alterações nestes músculos e fáscia têm influência no resto do corpo. Têm dezenas de articulações, e no entanto são limitados diariamente, provocando algumas dores e tensões.

Ao longo dos anos o desenho dos sapatos não evoluiu muito, sempre com biqueira ou estreitos na zona dos dedos. O que se foi fazendo para aumentar o conforto foi aumentar a superfície almofadada ou suportando o pé de forma a este não ter trabalho (e assim ficar um pouco mais preguiçoso).

Para conseguirmos movimentar bem os dedos e assim alongarmos todos os músculos e tendões, deveríamos sentir o pé mais livre e que sentisse melhor o solo (desta forma libertando a tensão noutras articulações, como tornozelos, joelhos ou ancas). Não quero com isto dizer que devêssemos andar sempre descalços, até porque com a idade o pé demora mais a adaptar-se, mas pelo menos ginasticar o pé e dar-lhe mais atenção. Experimentar a ligação ao solo e experimentar sapatos mais amplos (mas suficientemente justos para envolver o pé).


O movimento é importante, e tudo começa pela nossa sustentação. Tal como a casa não se começa pelo telhado ou pelo interior, neste caso também devemos começar pelo calçado e pelo que vestimos, de forma a estarmos confortáveis e termos mais vontade de correr por aí.

Encontrar um equilíbrio entre "estar bem" e bem-estar pode não ser simples, mas é possível.


A terapia de Bowen não é um serviço de consultoria de moda nem pretende reprimir a expressão, mas pode ajudar a aliviar desequilíbrios causados por vestidos demasiado justos ou sapatos apertados :)


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